A vasectomia é um método contraceptivo cirúrgico, masculino e usado por 6% dos casais americanos. Uma técnica simples e segura usada em todo o mundo. No Brasil, após 2007, houve um aumento exponencial do número de vasectomia determinada por política de saúde pública. Nossa Lei permite que um homem acima de 18 anos com filho ou acima de 21 e pleno de seu direito possa optar por fazer uma vasectomia.

O maior problema é quando acontece o arrependimento, principalmente na dissolução do primeiro casamento e na constituição de uma nova união. Isso acontece em aproximadamente 6%, novamente, das vezes.

Parece pouco, mas com quase 30mil vasectomias ao ano, na última década, acumulam-se os homens vasectomizados que desejam filhos. O SUS oferece pouco a esses homens/casais, pois os centros especializados no tratamento desses homens são poucos no país.

Quais as opções de tratamento para os homens vasectomizados?

Para os homens com vasectomia temos duas opções:

  1. Reversão de vasectomia
  2. Fertilização “in vitro” com aspiração de espermatozoides do epidídimo (ICSI com PESA)

Como decidir entre as opções de tratamento?

Nem sempre a decisão é óbvia, mas levamos em conta alguns fatores:

1-Idade da esposa: entre todos os fatores preditivos de gravidez e nascidos vivos para fertilização “in vitro”, a idade da parceira é o mais importante, mulheres jovens têm melhores resultados independentemente da causa masculina.

2-Reserva ovariana: a reserva ovariana traduz a capacidade de fertilidade da mulher, algo difícil de avaliar e, como em tudo na medicina, evolui com o tempo e progresso do conhecimento. Usualmente, a reserva ovariana acompanha a idade da mulher, porém, temos exceções. Quanto melhor a reserva, melhores a chance de gravidez.

3-Permeabilidade tubária (trompas desobstruídas): as trompas são estruturas tubulares, musculares que servem de passagem dos espermatozoides até o óvulo e é o ambiente funcional onde ocorre a fertilização. São estruturas fundamentais para reprodução e a investigação da permeabilidade tubária é fundamental antes de reverter uma vasectomia.

4-Antecedentes após a vasectomia: a produção de espermatozoides continua após a vasectomia, exceto se algum fator prejudicial aos testículos venha a acontecer. Antecedente de quimioterapia, radioterapia ou uso de testosterona afeta a produção de espermatozoides e representa um risco. Esses fatores são chamados de fatores gonadotóxicos.

5-Condições dos testículos/epidídimos: alguns achados no exame físico do homem vasectomizado podem indicar uma ou outra opção de tratamento. Cotos de deferente muito afastados (pedaços que devem ser unidos na cirurgia), hidrocele (água na bolsa testicular) ou epidídimos murchos são fatores de mal prognóstico.

E como decidir entre reversão de vasectomia ou ICSI com PESA?

A opinião da literatura é que a reversão de vasectomia é sempre a primeira opção, porém se a reserva ovariana for baixa, houver obstrução tubária, qualquer fator gonadotóxico ou fatores de mal prognóstico no exame físico a ICSI com PESA passa a ser a opção.

Procure um especialista e tire suas dúvidas.